O ato de colecionar imagens tem raízes bem antigas. Sabe-se que no século XVII, o jovem Luís XIV, futuro rei da França, mantinha uma coleção de gravuras de rainhas e artistas europeus, impressas pelo impressor italiano Stefano della Bella. Essas pequenas obras prenunciavam uma atividade que atravessaria séculos, e com a Revolução Industrial e o avanço das técnicas de impressão, os cartões ilustrados ganharam fôlego no século XIX, abrindo espaço para usos tanto comerciais quanto culturais.
Uma iniciativa de cunho comercial teve lugar na França em 1867, quando o proprietário da loja de departamentos Au Bon Marché começou a distribuir cartões coloridos semanalmente. As figuras retratavam animais, monumentos e paisagens, como uma estratégia para atrair e fidelizar clientes, e logo se tornaram itens de coleção. Destaca-se neste episódio a produção de ilustrações com o uso da cromolitografia, técnica patenteada em 1837, fundamental para permitir impressões multicoloridas de alta qualidade a preços acessíveis.
Outro caso que trata do uso de figuras colecionáveis com intuito de fidelizar clientes foi o da empresa alemã Liebig, fabricante de produtos alimentícios. Em 1872, a empresa lançou várias séries de cartões colecionáveis que acompanharam seus produtos até o ano de 1975, ou seja, por mais de um século. Foram editadas 1.871 séries abordando os mais diversos temas como esportes, invenções etc, sendo considerada a maior coleção de cartões ilustrados do mundo.
A indústria do tabaco nos Estados Unidos percebeu que as figuras colecionáveis eram um boa estratégia de marketing e no fim do século XIX popularizou os “cigarette cards”, pequenas figuras incluídas nas embalagens de cigarro com imagens de atletas e celebridades. A estratégia funcionou e as figuras se tornaram uma verdadeira febre por décadas, sendo adotadas gradualmente no século XX em outros países, como na Alemanha, com a expressão "Zigarettenbild". Até a propaganda nazista se beneficiou das figuras colecionáveis como forma de popularizar suas práticas, mas a circulação delas foi interrompida em 1942.
O Brasil também esteve presente nesta onda de colecionismo. A tabacaria Estrela de Nazareth lançou, por volta de 1907, uma série de 60 figurinhas colecionáveis de bandeiras de países, e é considerada a pioneira nessa prática. Em 1928, a Fábrica de Balas e Biscoitos Novo Mundo lançou o álbum Novo Mundo e em 1934, a Fábrica de Balas A Hollandeza lançou a primeira edição do álbum A Hollandeza. Já nos anos 1930, figuras colecionáveis de astros e atrizes do cinema foram distribuídas nos Cigarros Castellões, empresa paulista de tabaco, que investia em jingles divulgados no rádio, sendo um ícone da publicidade. Na mesma ápoca, a Myrta S.A. lançou as famosas estampas Eucalol para acompanhar os sabonetes da marca, alavancando as vendas do produto. Entre 1930 e 1957 foram produzidas 2.400 estampas em 54 séries, tornando-se um grande sucesso e mania nacional.
Até meados do século XX as figuras colecionáveis ainda eram um elemento acessório pois acompanhavam outros produtos, como forma de incentivar o consumo. A grande mudança nesse segmento ocorreu em 1961, quando quatro italianos, irmãos e proprietários de uma gráfica de Modena, os irmãos Panini, tiveram a ideia de transformar os cartões ilustrados em um item de colecionador por direito próprio. Tendo com tema central os jogadores da primeira divisão italiana surgiu o primeiro álbum Panini, com as figurinhas avulsas sendo vendidas separadamente em um envelope contendo quatro delas. A partir daí o futebol passou a dominar os álbuns e em 1970 a Panini lançou o álbum da Copa do Mundo, consolidando-se como referência global em álbuns de figurinhas.
Nas décadas de 1960 e 1970 milhares de álbuns de figurinhas invadiram as bancas de todo o Brasil com os mais diversos temas, editados pelas editoras Aquarela, Saravam, Antares, Vecchi, Abril, dentre outras. Alguns dos titulos foram Equipe Enciclopédico, Brasil Jovem, Ídolos do Futebol, Brasil Pátria Amada, Festival HB, Homem no Espaço, Rodas Velas Asas, Animais do Passado, Rin-Tin-Tin, Ciência Ilustrada, Conquistas Modernas, Perdidos no Espaço. Nos anos 1980, a Editora Abril lançou coleções marcantes no Brasil, como “Heróis Marvel em Ação” com figurinhas autoadesivas, e o álbum dos Transformers. Em parceria com a Panini, a Abril lançou em 1989 o primeiro álbum oficial do Campeonato Brasileiro, sucesso de vendas nas bancas do país.
Os álbuns de figurinhas seguem como um fenômeno cultural e registro da memória afetiva de várias gerações. Os lançamentos da Copa do Mundo, em especial, mobilizam milhões de colecionadores ao redor do planeta. A era digital na virada do milênio trouxe novidades como as figurinhas do álbum Recreio em CD-ROM, figuras em 3D com realidade aumentada e álbuns virtuais. Para muitos, completar um álbum ainda é um ritual que remete à infância, mantendo-se uma tradição que resiste ao tempo.
Álbuns de Figurinhas


Item: Bem Me Quer
Fabricante: Rio Gráfica Editora (RGE)
Procedência: Brasil
Período: Anos 1980
Material: Papel
Itens de Acervo
EM BREVE NOVOS ITENS!!!!


Item: Brasil Pátria Amada
Fabricante: Editora Saravam
Procedência: Brasil
Período: Anos 1970
Material: Papel


Item: Ciências
Fabricante: Editora Vecchi
Procedência: Brasil
Período: Anos 1970
Material: Papel


Item: Amar É...
Fabricante: Editora Abril
Procedência: Brasil
Período: Anos 1980
Material: Papel