A navegação é uma das conquistas mais antigas e transformadoras da humanidade, e só foi possível com o desenvolvimento das embarcações, que são artefatos construídos para flutuar na água e servir de meio de transporte para pessoas ou cargas, sendo movimentados por meios próprios ou rebocados por outros meios. Desde os primeiros deslocamentos em jangadas e canoas rudimentares, os povos antigos buscaram dominar rios, lagos e mares para explorar, comerciar e guerrear.
A arqueologia moderna demonstra que o uso de embarcações teve início por volta de 4000 a.C., quando foram analisados tabuletas e recipientes de argila encontrados no Egito, remanescentes dessa época. Há diversas representações de barcos egípcios utilizados no transporte de monumentos de grande porte no curso do rio Nilo, em embarcações bem maiores que as utilizadas em outros tipos de transporte ou como navios de guerra. Foram desenvolvidas embarcações que eram impulsionadas tanto pelo vento, utilizando velas, quanto pela força humana, com uma fileira de remos. Os avanços na tecnologia da época levaram ao sistema birreme e posteriormente ao trirreme. Na medida em que as embarcações se tornaram maiores, também foi expandida a quantidade de fileiras de remos, chegando a mais de uma dúzia em algumas.
Civilizações como os fenícios, gregos, romanos e chineses também utilizaram embarcações na antiguidade, adaptadas às suas necessidades e aos ambientes em que viviam. Os fenícios foram grandes mestres da navegação e do comércio no Mediterrâneo com navios ágeis e resistentes. Os gregos e romanos aperfeiçoaram técnicas de construção naval e cartografia, criando embarcações maiores e mais complexas, como as galeras. A navegação era arriscada pois não havia instrumentos precisos e era guiada por observações astronômicas e pela experiência dos marinheiros. Os chineses por sua vez, se utilizaram da navegação para o comércio de produtos por volta de 950 d.C. com a Dinastia Song.
No período medieval, os vikings se destacaram com seus dracares, embarcações velozes e adaptadas tanto para o mar quanto para rios, enquanto os povos árabes contribuíram com o desenvolvimento do astrolábio. Com o passar dos anos diversos portos foram construídos e tornaram-se centros estratégicos e referências de rotas de navegação, mas mesmo assim a construção naval não evoluiu na mesma velocidade. O grande salto para a evolução da navegação marítima se deu com a Era das Grandes Navegações, entre os séculos XV e XVII. Portugal e Espanha, estados nacionais já consolidados, investiram pesadamente em inúmeras expedições oceânicas com caravelas e naus, embarcações robustas e equipadas com velas triangulares e quadradas, associadas a instrumentos precisos como a bússola, o astrolábio e mapas náuticos. Pode-se considerar esse período como o início do processo de globalização, com o descobrimento e colonização de novas terras, criação de novas rotas comerciais e o intercâmbio entre continentes, embora muitos conflitos tenham sido gerados nesse interim.
A Revolução Industrial também foi um período que teve papel crucial na navegação, com o advento dos motores a vapor e a substituição da madeira por ferro e aço, trazendo um grande avanço para a engenharia naval, modificando a propulsão e eliminando a dependência dos ventos. Os navios tornaram-se maiores, mais rápidos e seguros, e a construção de transatlânticos, cargueiros e navios de guerra modernos teve início. A navegação fluvial e marítima tornarem-se atividades necessárias para garantir o comércio global, estabelecendo rotas cada vez mais precisas, eficientes e lucrativas.
No século XX, os avanços tecnológicos se intensificaram com a criação dos motores a diesel, além de invenções como o radar, sonar e sistemas de comunicação por rádio, que foram incorporados à navegação civil e militar, tornando-as ainda mais seguras e precisas. Novas técnicas de construção naval foram desenvolvidas, adotando materiais como o alumínio e os compostos sintéticos derivados de petróleo. Os submarinos, antes objetos da literatura de ficção científica, começaram a ser construídos para atender necessidades militares e com o tempo incorporaram a propulsão nuclear, a exemplo dos porta-aviões. Hoje, a navegação é altamente automatizada e integrada a sistemas digitais, onde satélites orbitais meteorológicos, sistemas GNSS e softwares de gestão permitem o controle em tempo real de embarcações comerciais, militares e recreativas, observando rotas e condições do mar e do tempo. Navios contêineres, petroleiros e cruzeiros são verdadeiras cidades flutuantes, mas que precisam atender cada vez mais as necessidades de preservação ambiental. A busca por eficiência energética e o respeito à natureza impulsiona o desenvolvimento de embarcações sustentáveis, com propulsão elétrica e híbrida.
A temática das embarcações também encontrou espaço no universo dos brinquedos, despertando o fascínio de crianças e colecionadores ao longo das décadas. Desde os primeiros modelos em madeira esculpida, que imitavam caravelas e navios piratas, até os sofisticados kits de montagem em plástico e metal, os brinquedos náuticos sempre estimularam a imaginação e o interesse pela navegação. A partir do final do século XIX as empresas alemãs Lehmann, Hess, Kellerman, Niedermeier e Schuco produziram modelos em metal movidos à corda ou elétricos. No século seguinte entraram no mercado as norte-americanas Wyandotte, J. Chein, Marx e Wolverine, e as japonesas Masudaya, Nomura e Marusan, oferecendo uma grande variedade de itens até os anos 1980. No Brasil, fabricantes como a Estrela, Metalma, Atma, Casablanca, Trol e Gulliver também contribuíram a partir de 1940 para a difusão da temática naval entre os brinquedos. Eram navios e navios movidos à corda, fricção ou pilha, modelos inspirados em embarcações militares, além de lanchas e submarinos associados a figuras articuladas de super-heróis.
O mercado de modelismo em escala com temática naval cresceu em todo o mundo. No Brasil, lojas especializadas como a Hobbylândia (RJ) e a Casa Aerobras (SP), ofereceram réplicas de embarcações históricas para montagem e exposição, promovendo não apenas entretenimento, mas também educando gerações de modelistas na rica história da navegação.
Grandes empresas como a Lego, na Dinamarca, popularizaram embarcações em seus conjuntos temáticos, como os icônicos navios piratas e embarcações vikings, que combinam construção criativa com narrativas de aventura. A Geobra, empresa alemã detentora da marca Playmobil, também lançou diversas linhas de navios detalhados, incluindo galeões e barcos de resgate, com personagens e acessórios que recriam cenários históricos e contemporâneos. Alguns desses conjuntos foram produzidos no Brasil pela Trol e Estrela.
A influência da cultura pop também desempenhou papel decisivo na popularização dos brinquedos náuticos. O filme Piratas do Caribe e as animações infantis Jake e os Piratas da Terra do Nunca, Thomas e Seus Amigos e One Piece, deram origem a barcos, navios piratas, personagens icônicos e acessórios, recriando o ambiente destas produções, o que reforça o apelo lúdico das embarcações e ajuda a transmitir valores como coragem e trabalho em equipe.
A história da navegação é, portanto, um retrato fiel da curiosidade humana. De canoas primitivas escavadas na madeira aos navios com sistemas autônomos, cada avanço refletiu o espírito de sua época, e teve efeito nos brinquedos que incorporaram a cultura da navegação. A evolução das embarcações e das tecnologias de orientação moldou civilizações, redefiniu fronteiras e continua a ser essencial para o funcionamento da sociedade global. Brincar de navegar é uma forma lúdica de descobrir coisas e de conectar a imaginação ao mundo real.
Embarcações
Item: Barcaça Queen River
Fabricante: Masudaya MT
Procedência: Japão
Período: Anos 1960
Material: Lata
Itens de Acervo


Item: Submarino Sonar
Fabricante: Estrela
Procedência: Brasil
Período: Anos 1970
Material: Plástico
EM BREVE NOVOS ITENS!!!!


Item: Lancha Karina
Fabricante: Metalma
Procedência: Brasil
Período: Anos 1970
Material: Plástico e metal