Os termos "Velho Oeste", "Conquista do Oeste" ou "Faroeste" (em inglês, Old West, Far West ou Wild West) são usados como sinônimos para se referirem ao período de expansão do território dos Estados Unidos rumo ao oeste, especialmente entre o início do século XIX e o final do século XIX, embora seus efeitos tenham se estendido até o início do século XX.

As colônias da costa leste já haviam sido ocupadas desde o século XVII por imigrantes ingleses, além de grupos oriundos de países como França, Espanha, Holanda, Suécia e diversos estados germânicos. Com o incentivo do presidente Thomas Jefferson, uma nova era de migração e colonização massiva foi iniciada após a Compra da Louisiana, em 1803. A promessa de terras férteis e recursos naturais atraiu milhares de colonos, especialmente anglo-americanos, além de imigrantes vindos da Alemanha, Irlanda, Itália e outras nações europeias, que se dirigiram gradualmente para as terras do oeste. Embora esse processo tenha impulsionado o desenvolvimento econômico e territorial dos Estados Unidos, ele também foi marcado por intensos conflitos com as populações nativas, forçadas a deixar seus territórios à medida que a nação expandia suas fronteiras.

Ao longo do século XIX, a expansão para o oeste foi marcada por uma série de eventos que moldaram a história dos Estados Unidos. A construção de fortes militares em pontos estratégicos visava proteger os colonos e garantir a presença do Exército em regiões ainda instáveis. Conflitos armados foram frequentes entre as tropas americanas e diversas nações indígenas, como os Sioux, Comanches, Apaches e Cheyennes, que resistiam à invasão de seus territórios. Batalhas emblemáticas, como a de Little Bighorn (1876), na qual o general Custer e seus homens foram derrotados por uma coalizão indígena liderada por Touro Sentado e Cavalo Louco, ambos de nações Sioux, evidenciam a intensidade dessa resistência. Ao mesmo tempo, políticas governamentais como a Doutrina do Destino Manifesto e a Lei de Remoção dos Índios (1830) legitimavam a ocupação e o deslocamento forçado das populações nativas.

Com a migração surgiram assentamentos que cresceram e rapidamente se transformaram em vilarejos e, posteriormente, em cidades, algumas delas ao longo das linhas férreas quee ligaram o leste ao oeste do país e facilitaram o transporte de pessoas e mercadorias. A mineração, a pecuária e o comércio impulsionaram o crescimento econômico da região, enquanto figuras como xerifes, caçadores de recompensa e foras da lei passaram a integrar o imaginário popular associado ao Velho Oeste. Com o tempo, o avanço da legislação, a presença do governo federal e o aumento da população urbana foram pacificando a região, encerrando gradualmente o período mais violento e desorganizado da fronteira americana.

O fim do século XIX foi marcado pela descoberta de ouro no território do Alasca e na região de Klondike, no noroeste do Canadá, o que provocou uma nova e intensa onda migratória, conhecida como a Corrida do Ouro do Klondike (1896–1899). Dezenas de milhares de aventureiros, exploradores e comerciantes, muitos dos quais partiram de portos como Seattle e San Francisco, enfrentaram os invernos rigorosos, terrenos inóspitos e infraestrutura precária em busca de riquezas. Surgiram novas rotas comerciais e assentamentos em regiões até então pouco exploradas, consolidando o interesse estratégico e econômico dos Estados Unidos sobre o Alasca, adquirido da Rússia em 1867. Esse episódio marcou um dos últimos grandes momentos da expansão territorial americana e reforçou o espírito de conquista e exploração característico do Velho Oeste.

Ao longo do século XX, os brinquedos com temática do Velho Oeste encantaram gerações de crianças, impulsionados pela popularidade dos filmes, programas de rádio e séries de televisão do gênero faroeste. As histórias dramáticas de cowboys, bandidos, xerifes e indígenas ofereciam um mundo de aventuras que estimulava a brincadeira e a imaginação. Nas décadas de 1930 e 1940, heróis do rádio como The Lone Ranger fizeram grande sucesso e com eles surgiram os primeiros produtos licenciados, como máscaras, espingardas de madeira, pistolas de espoleta que imitavam o som de tiros e brinquedos de lata.

Nos anos 1950, a televisão levou o faroeste a um novo patamar, com séries como Hopalong Cassidy e Davy Crockett, que se tornaram-se fenômenos culturais e rapidamente geraram diversos produtos na indústria de brinquedos. As crianças podiam se vestir da cabeça aos pés como seus heróis usando chapéus de cowboy, distintivos de xerife, esporas e até o famoso chapéu de guaxinim do Davy Crockett, popularizado pela versão da Disney em 1955. Cavalos de plástico, pistolas de brinquedo com coldres, carroças e bonecos detalhados permitiam recriar cenas completas do oeste selvagem. A empresa Marx Toys foi uma das líderes desse mercado, produzindo conjuntos completos com personagens, cavalos, construções e acessórios que transformavam mesas e tapetes em verdadeiras cidades do Velho Oeste em miniatura.

As décadas de 1960 e 1970 vivenciaram o crescimento das produções que exploraram a corrida espacial, a ficção científica e os super-heróis Embora os brinquedos de faroeste começassem a perder espaço para esses outros temas, eles ainda marcaram forte presença, com o avanço na qualidade dos bonecos ou figuras de ação, que passaram a ser mais realistas e articulados, como a linha "Johnny West", também da Marx, com figuras de 30 cm de altura e diversos acessórios. A coleção incluía não apenas cowboys, mas também personagens femininas como Jane West e figuras indígenas como Geronimo. Os conjuntos de brincar tornaram-se mais sofisticados, com prédios de papelão dobráveis e uma grande variedade de cenários e objetos, permitindo histórias mais ricas e elaboradas. Outras séries de tv que marcaram a época foram Bonanza, retratando as aventuras de Ben Cartwright e seus filhos em defesa do rancho da família agindo sempre com ética e bons princípios, e Daniel Boone, baseada no personagem homônimo que realmente existiu e atuou como mediador em diversas contendas entre nativos, colonos e exército. 

O Brasil não ficou de fora deste cenário pois o tema também conquistou espaço no imaginário infantil, em especial pelos filmes e séries de tv, como Zorro. As empresas Estrela, Atma, Casablanca, Trol e Gulliver produziram inúmeros brinquedos, lançando revólveres de plástico, esporas de brinquedo, estrelas de xerife, cinturões e chapéus de cowboy, além de linhas completas como "Virginia City", "Chaparral" e o famoso "Forte Apache", objeto de desejo entre os meninos nos anos 1960 e 1970, que incluiam cowboys, indígenas, soldados da cavalaria, cavalos e carroças. Outro brinquedo com essa temática foi o Playmobil "Fort Union" da Trol, seguido de outros conjuntos com casas, lojas e outros elementos das cidades daquele período. Essas empresas ajudaram a consolidar a presença do Velho Oeste no cotidiano lúdico brasileiro, perpetuando esse universo no imaginário de gerações.

Já nas décadas de 1980 e 1990, o faroeste havia deixado de ser uma tendência dominante, mas continuava presente como elemento nostálgico, tornando-se de grande interesse de colecionadores e entusiastas do tema. Foram brinquedos que refletiam os valores e visões de mundo da época, mas frequentemente apresentavam uma visão romantizada ou simplificada da história da fronteira americana. Embora também perpetuassem estereótipos, especialmente na forma como retratavam os povos indígenas, isso passou a ser mais questionado com o tempo. 

Os brinquedos do Velho Oeste ocupam um lugar importante na história do brincar no século XX. De pistolas de espoleta e chapéus de cowboy a figuras colecionáveis e conjuntos elaborados, eles ofereceram a muitas gerações a chance de viver aventuras e continuam sendo lembrados com carinho como parte de uma era em que o Velho Oeste reinava absoluto nos momentos de diversão infantil.

Velho Oeste

  • Item: Virginia City

  • Fabricante: Casablanca

  • Procedência: Brasil

  • Período: Anos 1960

  • Material: Plástico e madeira

Itens de Acervo

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  • Item: Playmobil Fort Union

  • Fabricante: Trol

  • Procedência: Brasil

  • Período: Anos 1970

  • Material: Plástico

  • Item: Forte Apache

  • Fabricante: Gulliver

  • Procedência: Brasil

  • Período: Anos 1970

  • Material: Madeira e plástico

EM BREVE NOVOS ITENS!!!!