A história das figuras de ação é marcada por uma evolução que reflete mudanças culturais, tecnológicas e comerciais ao longo dos séculos. Suas origens remontam aos soldadinhos de chumbo do século XVIII, pequenos guerreiros metálicos produzidos de forma artesanal, que representavam as tropas reais e eram pintados minuciosamente. Inicialmente eram utilizados como instrumentos de ensino estratégico por militares e nobres europeus, mas com o tempo passaram a ser comercializados como brinquedos, ganhando popularidade entre crianças, especialmente meninos, por simbolizarem valores como coragem e disciplina.

A grande virada na história das figuras de ação só viria acontecer no século XX, quando a empresa norte-americana Hasbro lançou em 1964 o G.I. Joe. Projetado para meninos, eram bonecos em escala 1:6 com articulações móveis, roupas intercambiáveis e acessórios temáticos retratando itens militares e de aventuras em diversos cenários como a selva e a montanha. A Hasbro criou o termo “action figure” para evitar que o G.I. Joe ficasse associado à categoria de “boneca”, e assim surgiu um novo tipo de brinquedo, oferecendo aos meninos a experiência de aventura e heroísmo, alinhada ao imaginário masculino da época.

Durante as décadas de 1970 e 1980 era visível a influência do sucesso do G.I. Joe, abrindo caminho para uma indústria que incorporou personagens da cultura pop, da ficção científica e dos quadrinhos, fazendo das figuras de ação um fenômeno global. Filmes como Star Wars e desenhos como He-Man e Transformers deram origem a produtos que fidelizavam o público infantil. Empresas como Kenner e Mattel dominaram o mercado, investindo em design, articulação e acessórios cada vez mais sofisticados. As figuras deixaram de ser apenas brinquedos para se tornarem objetos de consumo cultural, com forte apelo entre colecionadores. Essa era de ouro consolidou o modelo de licenciamento multimídia que ainda hoje sustenta essa indústria.

No Brasil, as figuras de ação começaram a ganhar espaço a partir dos anos 1960, com empresas como Casablanca, Comanche e Fanabri produzindo brinquedos como o Forte Apache, o Castelo Medieval e a Batalha do Tuiuti. Nos anos 1970 a empresa Gulliver deu continuidade à produção de brinquedos com temas de faroeste e soldados, e depois lançou bonecos de super-heróis dos quadrinhos como Batman, Capitão América e Fantasma, muitas vezes misturando personagens de diferentes editoras. Outra empresa que se destacou no Brasil neste período foi a Glasslite, que produziu figuras de ação e veículos baseados em séries de tv como Super Máquina e CHiPs e no desenho Rambo.

Um dos principais personagens do cenário brasileiro de figuras de ação é o Falcon, lançado pela Estrela em 1977, e inspirado no G.I. Joe Adventure Team. Esse foi o primeiro boneco articulado voltado para meninos, com roupas camufladas e acessórios militares, seguindo a escala 1:6 norte-americana. Em 1979, surgiu o modelo ”Olhos de Águia”, equipado com um mecanismo na nuca que permitia mover os olhos, o que tornava seu olhar mais expressivo. Ao longo dos anos, o Falcon ganhou aliados, veículos, vilões e aventuras futuristas, consolidando-se como um companheiro de aventuras da garotada.

Com o avanço da tecnologia e o crescimento da cultura de colecionismo, as figuras de ação passaram a incorporar novos materiais, técnicas de escultura e articulações mais complexas. Atualmente, no Brasil e no mundo, além da Hasbro, empresas como McFarlane, Mattel, Funko, Bandai, Hot Toys, dentre outras, elevaram consideravelmente o padrão de qualidade, produzindo figuras com alto grau de realismo voltadas para o público adulto. O que eram brinquedos infantis passaram a ser objetos de memória, identidade e expressão cultural, e assim as figuras de ação seguem sua evolução, mantendo sua capacidade de encantar, educar e conectar gerações, promovendo a diversidade e representatividade, com personagens de diferentes gêneros, etnias e culturas.